sábado, 2 de novembro de 2013

Uma coisa ou outra sobre Um ator errante de Yoshi Oida

O objetivo desse texto é destacar alguns termos, expressões e temáticas abordadas no texto "Um ator Errante" de Yoshi Oida. 

O livro, publicado durante os anos 90 conta a história de vida do ator e diretor Yoshi Oida desde que deixa o Japão durante os anos 60 para juntar-se a companhia de teatro experimental de Peter Brook em Paris que visava estudos sobre a expressividade teatral, sua forma, função politico-artística entre outros.
O CIRT peregrinou por diversos países buscando compreender a origem e os limites da arte teatral e performática bem como da comunicação em si e Oida consegue através de sua narração em primeira pessoa transmitir suas descobertas da maneira como lhe ocorreram.
Mais do que o relato do excelente trabalho de pesquisa teatral desenvolvido pelo CIRT e seus artistas pluriculturais Um Ator Errante retrata a experiência de vida de um artista, seu amadurecimento como ser humano e como criador, e suas incríveis descobertas com relação ao mundo e a seu espaço e identidade perante esse. Além de proporcionar uma análise de uma série de acontecimentos do século passado como a segunda guerra mundial, guerra fria, revoltas estudantis e etc sob a ótica de um jovem ator.
Entre os inúmeros questionamentos presentes no livro destaco a recorrente crise de identidade que aflige Oida desde que saiu do Japão. Tendo vivido a ocupação americana no Japão após a segunda guerra mundial durante sua infância, Yoshi Oida cresceu consumindo cultura ocidental em um país cuja auto estima estava em baixa e tal como a maioria dos japoneses dessa geração, sente-se hibrido entre dois mundos, o ocidental e o oriental. Questionamentos sobre sua identidade japonesa, sobre o tipo de arte que deveria produzir e que se conseguiria bem como sobre sua própria percepção a cerca da cultura japonesa o cercaram durante toda a jornada, questionamentos esses muito pertinentes para os jovens atores da atualidade que crescem em um universo globalizado e que, com apoio da internet, tem acesso a diversas propostas diferentes de arte, interpretação e texto nem sempre mantendo uma linha de trabalho orgânica com a identidade regional, uma vez que limites geográficos foram reduzidos se não, apagados nessa nova era.
Portanto,  Um ator Errante não é apenas uma leitura recomendada para atores ou estudantes das artes cênicas que buscam resultados das pesquisas do CIRT, mas também para aqueles que se interessam em aprender com as experiências de vida de um japonês globalizado em um mundo onde esse termo ainda estava sendo difundido.


Abro um parenteses aqui para dizer que essa leitura e reflexão é muito interessante para pessoas que como eu não se sentem completamente representados pela identidade de seu país de origem, ou consomem demais a cultura exterior. É incrível como as vezes sabemos tão pouco sobre nós mesmos, ou, pensamos que sabemos pouco só porque nunca nos propusemos a pensar sem certos padrões e certezas.

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