quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aoi Bungaku - Kokoro: Entre o anime e o livro.

Depois de assistir Aoi Bungaku desenvolvi a vontade de ler os livros que inspiraram a série, e comecei por Kokoro de Natsume Souseki.

Kokoro, o romance.
Kokoro é um dos livros mais famosos do período modernista no Japão pelo renomado escritor Natsume Souseki, conhecido também por Eu sou o gato e vários outros títulos.
O livro é dividido em três partes e trata basicamente de capturar de forma sublime a condição da solidão humana. As personagens não são nomeadas na obra, os protagonistas são Eu e o professor; de prima a falta de identidade o causa um afastamento do leitor para as personagens, mas ao longo do romance esse é um dos fatores que ajuda na aproximação de um com o outro, as personagens poderiam ser qualquer pessoa a nossa volta.
A primeira parte, Eu e o Professor, mostra o encontro dos protagonistas e o desenvolvimento de sua amizade. Eu é um estudante próximo da sua graduação, o Professor um homem mais velho com formação acadêmica que tem hábitos reclusos e vive com a mulher e a empregada. Ao longo da primeira parte a amizade dos dois se intensifica e Eu desenvolve o desejo de conhecer mais sobre o passado do professor.
A segunda parte do livro, Eu e meus pais, narra a viagem de Eu ao interior para cuidar de seu pai que está muito doente. Afastado do professor, Eu é obrigado a encarar sua família, pensar no futuro e passa por uma fase de solidão, incerteza e falta de ânimo. No fim desse capítulo Eu recebe uma carta do professor que é lida na terceira parte.
"O professor e seu testamento" reproduz a carta enviada para Eu, onde o professor, em tom de despedida, conta sobre seu passado como havia prometido que faria ao amigo na primeira parte do livro.
Essa parte foi adaptada no episódio 7 de Aoi Bungaku, como disse no post anterior o episódio 8, a história pelo ponto de vista de K, nunca existiu no livro.
Kokoro, o anime.
Os episódios de Kokoro na série Aoi Bungaku chamaram de cara a minha atenção. O character Design foi responsabilidade de Takeshi Obata, que fez o mesmo trabalho nos best-sellers Death Note e Hikaru no Go.
O que é notado em Kokoro, assim como em todo Aoi Bungaku é que é um anime feito para o público japonês, que conhece muito bem estes livros e percebe de cara que a idéia não era apenas reproduzir os clássicos da literatura; Aoi Bungaku tem como objetivo trazer uma nova abordagem para aquelas histórias, seja ela absurdamente perceptível, como ocorre em Kokoro onde criaram um episódio de um ponto de vista inexistente, ou mais suave, visual, sensorial.
O anime consegue fazer com que o espectador compreenda a solidão e o estado mental das personagens usando de recursos de som e imagem, por exemplo, cada episódio se passa em uma estação, possui uma paleta de cor, e a presença ou não de trilha sonora.
A personagem senhorita, é absolutamente reinventada entre um episódio e outro e quando comparada com a versão original, é interessante notar que ela é colorida sempre com as cores do girassol.
O anime é sublime em alguns aspectos, o professor apresentado no livro viveu uma vida amarga de privações em função de seu passado, o do anime ainda é jovem e esperançoso, mas na fotografia final aparece com um olhar desanimado e desacreditado.
A mudança mais significativa é com certeza um episódio com o ponto de vista de K, como no livro apenas o professor conta a história, os pensamentos e personalidade de K também chegam até o leitor por seus olhos; O K do anime, que ganha ares de protagonista, condiz com o descrito no livro.
Ler Kokoro não só me trouxe curiosidade de ler outras obras de Natsume Souseki, mas também me fez gostar, ainda mais da adaptação de Aoi Bungaku e da série toda.
A série é inovadora, corajosa, e sutil; todos os recursos da animação foram muito bem explorados!
Vale, muito, ser assistida


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